No fim Raiden fez um sanduíche de pernil, mas mal o comera – dera duas mordidinhas só. Voltou para o quarto, agitado e nervoso. Sua irmã o beijará na boca. Um beijo de amor. E ele não recuará. Na verdade, queria ter retribuído. Queria, teve a chance. Mas não o fizera. No fundo sentia medo. Medo de estar cometendo um erro, uma imoralidade.
Com quem falar? A única outra pessoa era Leuco, mas Raiden não se atrevia a revelar tal segredo. Que diria Leuco se soubesse do latente caso amoroso entre seus outros irmãos?
- Se não for comer, pode dar um teco?
De ponta-cabeça, Leuco olhava o irmão e seu sanduíche. Raiden fez de conta que não se assustou, e estendeu o prato com o lanche.
- Bhigadho – Agradeceu entre mordidas. – Letícia saiu?
A pronúncia do nome da irmã faz o coração de Raiden bater acelerado.
- Saiu. – Admitiu.
Mais sons de mastigação.
- Vocês pareciam que tavam conversando.
Silêncio. Raiden fica apreensivo.
- É, conversamos. – Admitiu.
- Hm, sobre o quê?
Leuco estava sendo chato. O que ele queria?
- Não conversamos sobre nada especifico.
Mais sons de mastigação.
- Você é ruim pra disfarçar. Eu sei de tudo.
- Não sei do que você ta falando.
Raiden não achava que Leuco presenciara qualquer troca de afeto íntimo, entre ele e Letícia. Será que não foi tão cuidadoso como supunha?
- Confessa cara, conta que é melhor.
- Ta falando de que? – Raiden perguntou, agora decididamente irritado.
- Hah, vocês dois, cochichando pelos cantos, tão planejando alguma surpresa de ano-novo pra mãe e não me contam.
Raiden teve vontade de xingar o irmão.
- Você é ridículo.
- Sei, ta bom.