Certa manhã, saiu dona gaivota para pescar. Era ave marinha orgulhosa, e todos, nas escarpas rochosas ou sob a espuma do mar, conheciam sua pompa de se achar rainha do ar.
Avistou um cardume de sardinhas na superfície. "Hum, café-da-manhã fácil", pensou ela. Mergulhou no mar e por azar acabou presa numa rede de pesca. Desesperada, tentou se soltar; debateu-se e bicou a rede, mas era grossa e forte. Com seu bico não ia dar. Sem opção, gritou por socorro, ao que uma tartaruga de passagem respondeu prontamente.
- Dona tartaruga, eu te peço, corta esse rede com teu bico.
A tartaruga pôs-se a morder a rede. Contudo, a Tartaruga sem muita agilidade, acabou presa. Nisso passou um tubarão.
- Seu tubarão de dentes aguçados, nós te pedimos, faça em pedaços essa rede.
O tubarão investiu velozmente, fazendo picadinho da rede. Contudo, sem dosar seu entusiasmo, o tubarão acabou aprisionado. Nisso viram um polvo caminhando no fundo do mar.
- Seu polvo de tantos braços, nós te pedimos, parta essa rede.
O polvo nadou até a rede e pôs-se a trabalhar, usando cada braço, e de forma independente, para partir os entrelaços da rede. Contudo, dividir a atenção em oito coisas embaralhou a cabeça do polvo, e como os outros que tentaram antes, acabou preso. Aflitos, avistaram o golfinho.
- Seu golfinho, nós te pedimos, corta essa rede.
O golfinho se aproximou cauteloso. Estudou a situação e então recuou. Recuou e desapareceu no azul do mar. Mas não se foi para sempre, pois logo regressou acompanhado de uma dezena de golfinhos. Iam puxando e esticando, com isso desfiando a rede e libertando a gaivota, a tartaruga, o tubarão e o polvo. Todos agradeceram a ajuda dos golfinhos, a que um deles disse:
- Não precisaríamos ter feito nada se tivessem seguido nosso exemplo. Nossa maior habilidade não é individual, mas saber cooperar.